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O Jogo Externo x Interno da Mente
Alquimia da Mente – Edição #001
Um domingo ensolarado no clima seco de Brasilia
"Ganhar de mim no outro jogo foi pura sorte hein"
Era uma tarde bem ensolarada de domingo.
Gui Cardoso, amigo de longa data aqui em Brasília, me convidou para uma partida de tênis.
Ambos empresários, o sangue da competição corre em nossas veias.
Logo, o jogo seria acirrado. Mas havia um problema:
Gui tem dois anos de prática no tênis. Eu ZERO.
Ele treinava toda semana com aulas particulares.
Eu fui em um treino e tinha jogado apenas cinco vezes na vida.
Para piorar, estava há três meses parado por conta de uma micro lesão no ombro.
Sendo possível apostar nessa partida, diria que minhas chances eram 1 contra 100.
Marcamos às 15:30 e, quando cheguei lá, ele já estava batendo bola com a Cris, sua noiva. Pensei: "ele já está quente, treinando, preciso me preparar".
Alonguei com uma fita elástica, tomei um gel de carboidrato e pulei dentro da quadra.
Logo no primeiro game, a diferença de nível técnico se tornou clara.
Ele acertava todas as bolas, não só com precisão, mas com força e técnica.
Pingava a bola no fundo da quadra, curtinhas na rede que nem Bolt chegaria e saques velozes difíceis de rebater.
Eu fazia meu jogo padrão: batendo evitando o erro, sem precisão, sem força, sem técnica. Ele fechava games perfeitos e eu mal conectava um ponto.
Era como se ele estivesse no "God Mode", uma perfeição de jogo que não estava à minha altura.
Perdi o primeiro set por 2-6, após conseguir uma pequena e pífia reação no final. Quando trocamos o lado da quadra, ele sorriu pra mim e disse:
"Ganhar de mim no outro jogo foi pura sorte hein"
Era uma referência aos 6-3 / 6-3 que tinha ganho na semana passada.
Aquele comentário era TUDO que precisava ouvir.
Conheça a si mesmo, assim como seu inimigo
Ao ouvir essa frase, lembrei de uma citação do Michael Jordan:
"It's easy to start talking trash when you're winning" (é fácil tirar onda quando você está ganhando).
Na série/documentário "The Last Dance" na Netflix, MJ repete várias vezes que encontrava qualquer motivo para levar um comentário, um olhar, uma atitude para o lado pessoal.
E foi naquele momento que resgatei a melhor arma que poderia ter naquele jogo, a minha mente.
Sun Tzu no livro “A arte da Guerra” escreveu uma frase que marcou minha adolescência nos esportes:
Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas...
Em menos de 30 segundos trocando de lado na quadra, desenhei em minha cabeça quais são meus três pontos fortes e quais são três pontos que julgava fracos no adversário.
Eu treino seis vezes por semana. Logo, o preparo muscular está em dia.
Tenho muita resistência. Basta forçar o jogo rápido, elevar o BPM e cansar mais fácil o adversário. Saques rápidos, bolas longas seguidas de curtas.
Desde moleque não sinto muita pressão nos pontos decisivos. Inclusive, esqueço a contagem dos pontos no meio da partida (logo aprofundo neste tema originado de um livro).
E, na minha cabeça, os pontos fracos dele eram justamente opostos aos meus:
Falta de treinamento muscular consistente.
Falta de resistência (endurance). Muito importante em uma partida que dura 2h / 3h.
Mais volátil emocionalmente ao ganhar/perder pontos dentro de um game (principalmente os decisivos).
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