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Hábitos fáceis, vida difícil. Hábitos difíceis, vida fácil

Alquimia da Mente – Edição #004

A evolução visível do corpo e invisível da mente

A excelência não é instantânea. Ela é conquistada.
Há uma falsa impressão que o sucesso nasce com um grande holofote apontado para você. Porém, "é o que você faz na escuridão, que te coloca na luz."

Michael Phelps, maior nadador olímpico de todos os tempos, lutou contra depressão, ansiedade e até reconheceu publicamente ter pensado em tirar sua vida.

Ele se visualizava mentalmente nadando no escuro.
E, algumas vezes, seu treinador o fazia praticar em uma piscina escura.

Ele preparou Phelps para não entrar em pânico, caso sua visão fosse comprometida durante uma competição.

Esse hábito atômico provou ser inestimável nas Olimpíadas de Pequim em 2008, no início das finais dos 200 metros borboleta.

Ele sabia que algo estava errado assim que caiu na água.
Havia umidade dentro de seus óculos.

Ele não sabia dizer se o vazamento era de cima ou de baixo, mas quando saiu da superfície da água e começou a nadar, esperava que o vazamento não fosse muito ruim.

Na segunda volta, no entanto, tudo estava embaçado. Ao se aproximar da terceira e última volta, os visores de seus óculos estavam completamente cheios d'água.

Phelps não conseguia ver absolutamente nada, mas ele não entrou em pânico.
Ele foi treinado para momentos como esse.
Em sua mente, ele desenvolveu o hábito de nadar no escuro.

Enquanto dava suas braçadas finais, ele ouviu o grito da multidão.
E quando esticou seu braço para tocar na parede da piscina, não tinha ideia do resultado.

Ele estava temporariamente cego. Então, tirou os óculos e viu seu nome e “WR” (World Record – Recorde Mundial) ao lado.

Ele havia conquistado outra medalha de ouro, desta vez nadando no escuro.
Essa é uma excelente história retratada no livro "O Poder do Hábito" do autor Charles Duhigg.

Ao longo de sua carreira, o nadador americano Michael Phelps, conquistou 18 medalhas de ouro em três Olimpíadas (Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012).

Uma prova que Hábitos Atômicos (meu livro favorito nesse assunto), por mais estranhos que pareçam, foram essenciais para seu sucesso.

Hábitos fáceis, vida difícil. Hábitos difíceis, vida fácil.

Essa é a frase que acompanha minhas fotos (quase diárias) no Instagram após treinar na academia.

Ela é como minha Estrela do Norte.
Minha guia no meio da escuridão celestial.
E, hoje, um mantra na minha vida.

Acredito nessa frase:

O excelente nada mais é que o bom consistente.

Toda pessoa extraordinária em qualquer atividade nada mais é uma pessoa ordinária que resolveu aperfeiçoar esse "extra".

Agora, porque alcançar o EXTRAordinário requer desenvolver hábitos difíceis?
Pense comigo:

É fácil acordar a hora que você deseja.
É difícil criar uma rotina acordando às cinco da manhã.

É fácil pular de projeto em projeto procurando a próxima estratégia milagrosa de sucesso.
É difícil focar no mesmo projeto por anos, principalmente quando ele não dá lucro nos primeiros meses.

É fácil deitar no sofá e assistir Netflix.
É difícil sair em um dia chuvoso para puxar ferro na academia.

A palavra convence, mas é o exemplo que arrasta.
Logo, a disciplina de realizar precisa ser maior que a vontade de sonhar.

O provérbio alemão diz: "O diabo mora nos detalhes".
Enquanto a disciplina é subvalorizada, a motivação é sobrevalorizada.

Eu não gosto de tomar banho gelado, mas gosto da identidade vencedora que crio após vencer esse desconforto (fora outros benefícios de saúde).

Eu não gosto de fazer repetições puxando um ferro, mas gosto da melhoria na mente, corpo e espírito após semanas consecutivas treinando.

Eu não gosto de acordar cedo, mas gosto da sensação de bater meio-dia no relógio e já ter realizado quase todos meus principais hábitos.

A motivação é temporária como um graveto queimando instantaneamente ao ser jogado no fogo.
Já a disciplina é duradoura como um tora de madeira queimando lentamente.

A boa e má notícia da Neurociência

No livro Hábitos Atômicos, James Clear ensina as 4 leis da formação de hábitos:

  1. Estímulo (cue) – torne o hábito óbvio.

  2. Desejo (craving) – torne o hábito atrativo.

  3. Resposta (response) – torne o hábito fácil.

  4. Recompensa (reward) – torne o hábito satisfatório.

Logo, a formação de um hábito tem ligação direta com neurotransmissores.
Afinal, nosso bem-estar dependem deles.

O Quarteto da Felicidade, conjunto de neurotransmissores, reúne os principais:

  • Endorfina – conhecida como o hormônio da felicidade.

  • Serotonina – conhecida como o hormônio do prazer.

  • Dopamina – conhecida como o hormônio do bem-estar.

  • Oxitocina – conhecida como o hormônio do amor.

Nossos níveis de motivação são afetados pela Dopamina.
Quando seus níveis aumentam, agimos com mais facilidade.

Porém, ela não é ativada somente quando sentimos felicidade, prazer ou bem-estar.
Mas também quando antecipamos esse desejo.

Por esse motivo, fazer uma aposta no Cassino chega a ser mais ou tão emocionante quanto seu resultado.
Assim como para muitos planejar a viagem perfeita chega a ser mais ou tão prazerosa como estar lá.

A liberação de Dopamina está ligada à segunda lei na formação de um hábito: o Desejo (craving).

Então, qual é a boa e má notícia?
A má notícia é que você pode desenvolver péssimos hábitos sem mesmo se dar conta deles, como pegar seu celular e abrir seu Instagram logo nos primeiros minutos do dia.

De acordo com as 4 leis:

  1. Estímulo (óbvio): se você dormir com o celular do lado, será óbvio pegá-lo ao acordar.

  2. Desejo (atrativo): Nosso craving pela liberação de Dopamina é ativado quando abrimos o Instagram e temos novas mensagens, pessoas olhando os stories e curtidas ou comentários.

  3. Resposta (fácil): Como o algoritmo é muito bom em nos recomendar publicações que gostamos, nos tornamos viciados em continuar nessa rede.

  4. Recompensa (satisfatória): após se conectar com o que se passa na vida de seus amigos, se divertir com memes, você se sente melhor.

Porém, será mesmo que essa é uma experiência satisfatória?
Diferente de uma meditação, eu raramente me sinto melhor quando fecho o aplicativo do Instagram.

Quem muito consome, pouco produz.
Logo, um dos hábitos que tenho é evitar ao máximo entrar no Instagram ou Whatsapp pela manhã.

A boa notícia é você poder aplicar a inversão destas 4 leis para eliminar um hábito ruim:

  1. Estímulo: Torne invisível. Carrego meu celular no meu home office ao lado do meu quarto onde durmo. Logo, já evito abrir o celular nos primeiros segundos do dia.

  2. Desejo: Escondo os aplicativos de redes sociais pela manhã, deixando somente visíveis os aplicativos de Snipd (podcast), Notes (anotações) e Obsidian (escrita).

  3. Resposta Priming the ambience. Ou seja, preparando o ambiente. No caso, o celular. Deixo o aplicativo de podcast já aberto antes de dormir. Logo, quando abro o celular de manhã já estou onde deveria: estudando.

  4. Recompensa: Após voltar do treino, acesso às redes sociais. Dessa forma, garanto ser a prioridade da minha manhã. Os barulhos do mundo externo só entram à tarde.

Todo hábito pode ter seu lado de luz e sombra.
Mas é você quem decide a interferência deles em sua vida.
Continue lendo.

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