A guerra contra as moscas

Alquimia da Mente – Edição #040

Em busca da criatividade

Você já se deparou com um dia em que a inspiração simplesmente se recusou a aparecer? As palavras se escondem, as ideias evaporam e a frustração toma conta. Pois bem, hoje quero contar a história de um dia desses, protagonizado por mim mesmo e uma mosca particularmente insistente.

Sentei-me à escrivaninha, munido de café e entusiasmo, pronto para dar vida a um novo texto. As primeiras frases fluíram com naturalidade, mas logo um zumbido irritante invadiu meus ouvidos. Uma mosca, perambulando pelo meu campo de visão, parecia ter um único objetivo: me tirar do sério.

Tentei ignorá-la, focar nas palavras, mas a cada pouso na tela, a cada voo acrobático em torno do meu rosto, a mosca se tornava um obstáculo intransponível. A frustração crescia, a criatividade se esvaía.

Levantei com um chinelo na mão e corri atrás dela numa missão de exterminá-la. A mosca, teimosa e persistente, resistia a todos os meus esforços.

30 minutos se passaram e, para meu desespero, nenhuma palavra nova havia sido escrita. O que era para ser um dia produtivo se transformou em uma batalha épica contra um inseto minúsculo.

Resolvi aceitar a mosca com uma hóspede do ambiente. Dei uma nome para ela. Busquei novamente retomar o foco e…
Uma obra começou bem frente ao apartamento.

O barulho em uma obra de construção é um espetáculo sonoro caótico, uma sinfonia dissonante de sons metálicos, percussões vibrantes e vozes em constante comunicação. 

Imagine um coral de martelos batendo em concreto, britadeiras rugindo como feras famintas, serras elétricas cantando em uníssono e furadeiras perfurando o ar com seus gritos agudos.

A mosca agora era o menor dos problemas.
A obra, depois de uma hora, enfim terminou.
Porém, o texto nada havia evoluído.

Novamente, me sentei para escrever.
Tudo parecia diferente. 
Sentia a concentração chegando, o foco surgindo, até que…
Um protesto político tomou as ruas.

– “Ele é um ladrão!”
– “Há anos vivemos nessa tirania”.
– “Ninguém se importa com a saúde e educação do nosso país”.

Derrotado, levantei-me da escrivaninha, rindo da situação absurda. A mosca, a obra, o protesto político…

Embora frustrante, essa experiência me ensinou algo importante: a criatividade é uma flor delicada, facilmente abalada por distrações. 

No fim, esses desafios me tiraram o foco, mas também me fizeram lembrar da importância de criar um ambiente propício para a escrita, livre de insetos irritantes e outras perturbações.

Somos facilmente manipulados

Meu queixo caiu quando descobri essa informação.
Antes de revelá-la, te pergunto:
“Quantas horas líquidas diárias você trabalha em média?”

Por horas líquidas, digo horas realmente trabalhadas.
Tire o tempo comendo, indo ao banheiro, conversando, ouvindo música, caminhando para lá e para cá…

A média diária do trabalhador é de 2 horas e 18 minutos.
Sim, apenas isso. Considerando trabalho de qualidade, em pleno estado de flow, imagino que esse número desabe abaixo de um hora por dia.

É por esse motivo que uso um aplicativo específico para medir minhas horas líquidas ao longo do dia/semana/mês, assim como a qualidade do meu trabalho: (1) focado / (2) normal / (3) distraído

Escrever, Entregar, Otimizar

Escrevi sobre esse aplicativo e outras seis ferramentas para hiper-produtividade nesse artigo para assinantes aqui.

As distrações são os grandes vilões da produtividade:

  • Notificações: Pequenos golpes que te derrubam da sua trilha. Um e-mail, uma mensagem, uma curtida... e lá se vão 20 minutos preciosos.

  • Redes sociais: Buracos negros que sugam seu tempo e sua energia. Um scroll infinito que te leva para longe do que realmente importa.

  • Multitarefas: A ilusão de que você está fazendo mais, quando na verdade está fazendo menos e pior.

Logo, quanto mais você se blinda das distrações, mais trabalho na zona de flow consegue fazer.

E é dessa forma que você consegue fazer em uma semana o que a média dos trabalhadores faz em um mês de trabalho.

A Multitarefa torna você mais idiota

Um estudo da Universidade de Londres descobriu que o QI de pessoas que realizaram multitarefas com frequência caiu em 10 pontos, o equivalente a perder uma noite inteira de sono.

  • Nosso cérebro é péssimo em multitarefas: Na verdade, o que fazemos quando tentamos realizar várias tarefas ao mesmo tempo é alternar rapidamente entre elas. Isso pode levar à fadiga mental e à perda de foco.

  • A multitarefa aumenta o estresse: Quando tentamos fazer muitas coisas ao mesmo tempo, podemos nos sentir sobrecarregados e ansiosos. Isso pode prejudicar o nosso desempenho cognitivo.

  • A multitarefa leva a erros bobos: Quando estamos focados em várias tarefas, é muito mais provável que cometamos erros.

Cal Newport, autor de "Deep Work", nos alerta para os perigos da distração. Ele nos diz que a atenção é como um músculo: quanto mais você a treina para se concentrar em uma única tarefa, mais forte ela se torna. Mas, quando você a dispersa em várias tarefas, ela se enfraquece, tornando-se mais difícil entrar no estado de flow.

A multitarefa é uma falácia perigosa
Faça uma coisa de cada vez, mas faça-a fenomenalmente bem.
Não são horas extras que lhe darão vantagem competitiva, mas horas subtraídas.

Não confunda progresso com movimento

O veneno paralisante da aranha

Estar ocupado é diferente de ser produtivo.

Pode ser muito fácil parecer ocupado, cedendo a todo tipo de distração e notificação.

Nir Eyal, em seu livro "Indistractable", compara as distrações a um vício. As empresas de tecnologia, como os traficantes de drogas (pesado, eu sei!), usam técnicas para nos viciar em seus produtos, criando um ciclo de busca constante por recompensas efêmeras, como curtidas e notificações.

As distrações são como aranhas espertas que tentam interromper seu ritmo e enredar seus fios preciosos em suas venenosas teias. Essas "aranhas do rabo de lacraia da era da internet trazem uma toxina capaz de dissipar o que há de mais valioso – nossa capacidade de manter uma atenção concentrada."

Toda vez que você pega seu smartphone para "só dar uma olhadinha", é como se uma aranha o picasse, injetando seu veneno paralisante. Seu tear fica parado, seus fios caem emaranhados no chão. Quanto mais distraído, mais emaranhado e incompleta sua tapeçaria fica.

As notificações, os e-mails e feeds intermináveis são como enxames de aranhas espertas e astuciosas, sempre prontas a interromper seu fluxo criativo. 

Como preveniu o autor Greg McKeown em Essencialismo"você tem uma quantidade limitada de recursos cognitivos disponíveis para trocar entre diferentes tarefas mentais. Distrações baratas e oportunidades não tão boas exaurem esses recursos."

O Jardineiro Mestre da Produtividade

Imagine sua mente como um vasto jardim, repleto de potencial para produzir as mais belas flores e nutritivos frutos do conhecimento. Você é o jardineiro mestre, responsável por nutrir e cultivar esse terreno fértil.

Seus objetivos e projetos são como sementes preciosas que você planta cuidadosamente na terra rica de suas ambições. Cada semente requer atenção e zelo próprios - regá-las com perseverança, capinar as ervas daninhas dos maus hábitos, expô-las aos raios quentes do foco diligente.

Mas o inimigo desse verde paraíso é a terrível praga das distracções. Como alertou o autor Nir Eyal em Hooked, essas criaturas sugadoras de atenção "significam uma constante realocação do recurso mais escasso e precioso que temos: o tempo dedicado à vontade consciente".

As distrações são como insetos virulentos que devoram implacavelmente suas tenras mudas de produtividade. 

As notificações dos aplicativos zunindo como moscas irritantes. 
Os feeds infinitos de mídias sociais, lagartas gulosas que consomem cada folha de progresso em sua insaciável fome por novidades.

Mesmo as distrações aparentemente inofensivas podem ser destrutivas. Como advertiu o autor Greg McKeown"coisas triviais inofensivas, feitas repetidamente, se tornam uma tremenda perda de tempo." Deixar as ervas daninhas se proliferarem é arruinar suas preciosas culturas.

Para cultivar as mais raras e viçosas colheitas, você deve praticar uma jardinagem de mão firme e impiedosa. Erradique as pragas que infestam suas plantações. Bloqueie os ruídos obscenos das mídias sociais com poderosos inseticidas de blindagem de aplicativos. 

Arranque completamente as ervas daninhas mais insistentes como o péssimo hábito de checar compulsivamente as redes sociais.

Só então você pode entrar no tão almejado estado de fluxo, ou "flow", como descreveu o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi. É um oásis mental de imersão total, onde o trabalho flui naturalmente e você colhe seus frutos com a máxima eficiência e mínimo esforço consciente.

"Não há nada de verdadeiramente valioso que possa ser obtido fazendo coisas de maneira dividida," filosofou o autor Robert Greene em Mestria"Somente com foco total pode-se atingir o fluxo."

Quando você finalmente ingressa nesse paraíso produtivo, você não é mais mero jardineiro - você se torna um com o próprio jardim, movendo-se em harmonia pura com os ciclos da natureza. Como poetizou Lao Tzu"O homem de máxima excelência é aquele que segue os caminhos da Natureza."

Então, feche seus olhos e ouça apenas os sussurros sagrados do jardim. Concentre todos os seus sentidos apenas nas notas da sinfonia do crescimento em volta de você. 
Entregue-se completamente ao fluxo e deixe a maré da criatividade te levar.

Reduza as distrações. Aumente sua Hiper-Produtividade

Escrevi um texto completo sobre as 7 ferramentas essenciais que uso para alta performance.

Ao longo de 15 anos empreendendo digitalmente, estes foram os melhores aplicativos que já usei no gerenciamento de tempo, energia e produtividade.

Nesse texto, mostro exatamente porquê e como uso cada um deles, tornando minha vida pessoal e profissional muito mais simples.

Forte abraço,
Per aspera ad astra! 🎖️
– HC

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