O Escritor Fantasma

Nunca esqueço daquele dia.

Tinha 7 anos. Era minha primeira peça de teatro na escola. As cortinas se abriram, caminhei para o palco todo confiante — meus pais na primeira fileira, o teatro lotado.

Abro a boca para recitar meu texto...

SLAP!

Sinto um braço me puxando com força. Era meu colega, me expulsando à força do palco — eu tinha entrado na ordem errada.

Toda a plateia explodiu em gargalhadas.

Não entendi nada. Ali, naquele instante congelado, senti que riam de mim, não da situação. Nos bastidores, desabei.

Lágrimas descendo, coração acelerado, uma pergunta pregada na minha cabeça: "Por que eu?"

Ainda precisava voltar ao palco para falar minha parte.

"Prefiro a morte!" — foi o que pensei.

Voltei. Gaguejei algumas palavras. Corri para me esconder novamente.

A peça terminou. Meus pais tentaram me consolar: "Todo mundo erra, os grandes atores erram toda hora."

Não adiantou.

Naquele exato momento, uma chave virou na minha cabeça. A criança extrovertida morreu. Só me restou o mundo interno da introversão.

Troquei amigos por livros. Exposição por pensamentos. Conversa pela escrita.

Anos depois descobri que aquela "tragédia" foi minha maior bênção.

Se nunca tivesse falhado no teatro, não teria me tornado escritor.

• Não teria criado um blog com 40 milhões de visitantes.

• Não teria uma newsletter com mais de 15 mil leitores fiéis.

• E não teria vendido mais de R$ 25 milhões em produtos digitais usando a escrita.

E você não estaria aqui, lendo estas palavras.