Meu Processo de Escrita

Alquimia da Mente – Edição #007

processo de escrita

Escrever é carimbar pensamentos que ecoam pela eternidade.

Seja em casa, no trabalho ou em um café…
Seja com lápis, caneta ou digitando…
Seja no celular, tablet ou computador…

Quando você escreve, você é forçado a pensar. É por isso que digo:
“Não pense para escrever, escreva para pensar.”

O carimbo do seu texto revela rastros dos seus pensamentos.
Ideias confusas, texto confuso.
Ideias claras, texto claro.

A escrita é democrática.
Crianças escrevem cartas para convencer Papai Noel de seu bom comportamento.
Assim como bilionários escrevem cartas aos seus acionistas, justificando decisões que afetarão a vida de milhões.

A inocência e a persuasão podem andar juntas, ligadas pelo elo da escrita.
Saber escrever para uma única pessoa é tão importante quanto escrever para milhares.

Logo, torne-se o verbo e não o substantivo na escrita.
Seja quem escreve, não quem se classifica como escritor.
Cujos textos nunca são publicados, com medo de revelar rastros dos seus pensamentos.

Não espere a musa da inspiração dar sua benção para escrever. Escreva para se inspirar.

Você nunca sabe até onde um novo texto poderá te levar.
Pode ser a carta de admissão no seu novo emprego.
Pode ser um jantar com a pessoa com quem você sempre sonhou em conhecer.
Pode ser o agradecimento de um desconhecido em um lugar distante no mundo que mudará de vida porque leu seu texto.

Tudo que você precisa para escrever já está em suas próprias mãos.
Entretanto, o caminho da página em branco até a publicação de um texto parece uma estrada sinuosa cuja neblina dificulta percorrer esse trajeto.

Por que esse fenômeno acontece?
E como resolvê-lo para sempre?

Esse é o tema que irei compartilhar com você nessa edição #007 da newsletter Alquimia da Mente: Meu processo de escrita.

Continue lendo para saber como 3 simples conceitos farão você escrever com muito mais criatividade, objetividade e qualidade.

A dura lição que aprendi após mais de 15 anos escrevendo na internet

"Ninguém dá a mínima para o que você escreve".
Essa é uma verdade que soa como uma pedra voando em direção ao rosto.

Acreditava que tempo era nosso bem mais precioso.
Afinal, não há como resgatar as horas perdidas no passado.

Porém, há um bem mais precioso que o tempo.
Todos nós temos 24 horas disponíveis em um dia.
Mas e atenção? Temos 24 horas de atenção plena?
Claro que não.

Você pode reservar trinta minutos do seu tempo para ler um texto.
Mas trinta minutos de sua atenção plena requer muito mais comprometimento.

Um casal pode sair para jantar durante uma hora.
Porém, eles ficam grudados em seus celulares.
Sim, eles passaram tempo juntos, mas com zero atenção.

Logo, atenção é a moeda do século.
A plena atenção de uma pessoa é a moeda mais valiosa que você pode receber.

O mesmo vale para as palavras que você escreve. Logo, voltamos à frase:
"Ninguém dá a mínima para o que você escreve".

E agora complemento:
A menos que você as convença do contrário, fazendo-as se importar.

Escrever bem não é sobre encontrar o melhor conjunto de palavras, uma gramática perfeita ou o uso de pontuação como decoração.

Escrever bem é fazer as pessoas se importarem.
É receber plena atenção em um mundo de fácil distração.

E uma das maneiras mais eficientes que você captura atenção é por meio de histórias.

Logo, me permita compartilhar uma rápida história sobre o dia que descobri que seria um escritor.

O dia que me descobri como escritor

Lembro vagamente dos meus primeiros sete anos na infância.
Ao contrário do meu irmão mais novo que não dava trabalho, eu era uma peste.

Chorava por tudo.
Fazia birra pra comer.
Queria colo a todo momento.
Puxava o vestido da minha mãe buscando atenção.

Era uma criança extrovertida.
Tinha muitos amigos na escolhinha.
Socializar não era um problema até os sete anos, até que...

A escola organizou uma peça de teatro sobre o descobrimento do Brasil.
E fui escolhido para o papel de Índio que receberia os portugueses.

Lembro de me sentir radiante este dia.
A vestimenta com cocar.
O arco e flecha.
A tanguinha.

E a importância desse papel na peça:
O clímax. O choque cultural entre duas civilizações.
A primeira troca de palavras, ideias e objetos entre elas.

Eu representaria o lado da inocência.
Só precisava decorar uma única linha de texto.

A escola estava lotada.
Pais, professores e familiares aguardavam ansiosos para as cortinas se abrirem.

Vários colegas se apresentaram até o desembarque dos portugueses no Brasil.
Tudo corria muito bem na peça. Estava ansioso nos bastidores aguardando minha vez.

Chegou minha vez e me apressei subindo no palco.
Quando ia dizer minha primeira palavra percebo um movimento estranho.
Olho de lado e meu colega corre em minha direção.

"O que está acontecendo?" – pensei
Ele não diz nada, me pega pelo braço e me arrasta para os bastidores.

Nesse momento, toda a platéia solta uma gargalhada.
"Estão rindo de mim?"
"O que fiz de errado?"
"Por que me tiraram à força?"
Não conseguia controlar a velocidade crítica dos meus pensamentos.

Em um breve segundo, cujo tempo parece congelar, percebo meu erro.
Entrei na frente do meu colega. Estava tão empolgado que pulei a vez dele.
Tomei as gargalhadas como um ataque pessoal.

"Estão rindo de mim. Da minha burrice em subir na hora errada no palco." – pensei.
Estava em prantos. Chorei de desespero, de vergonha, de rejeição.
Queria sumir dali. O mais rápido possível.

A professora organizadora da peça chega perto de mim e diz:
"Henrique, você está bem? Precisamos de você no palco agora."

É verdade. Tinha esquecido disso.
Se pulei a vez do meu colega, seria o próximo a me apresentar.

Com as lágrimas escorrendo e a voz titubeando, disse minha linha e corri para o fundo da peça.

Sentei no chão, isolado de todos.
Não conseguia esconder tamanha vergonha.

A peça terminou e meus pais vieram me consolar:
"Não se preocupe, filho. Os melhores erram. É normal."

Eu tinha apenas sete anos, mas lembro de um único pensamento.
Ele estava preso como uma âncora a cem metros de profundidade no oceano:

"Se expor é perigoso. Eu não quero mais me expor assim".
O Henrique extrovertido que fazia birras esvanesceu.
Sumiu como um reflexo no espelho.

Vinte anos após esse episódio, fui ao Date With Destiny, o evento nos Estados Unidos mais cobiçado do Tony Robbins.

Durante um dia intenso de profunda meditação, alinhamento de chácaras e Ho'oponopono revisitei esse momento.

Esse pequeno trauma na peça de teatro moldou uma nova personalidade.
Mais quieto, mais cauteloso, mais observador.

Características que muitos consideram uma fraqueza.
Mas logo percebi que seria minha maior fortaleza.

O poder dos introvertidos

Meu lado mais introvertido me conectou com a leitura.
Devorei centenas de quadrinhos da Turma da Mônica.

Ler me trazia paz, prazer e sabedoria.
Era como um convite para se perder no mundo das palavras.
"Se é tão bom ler, como deve ser o outro lado: Escrever?" – pensava.
Despertar sentimentos por meio de palavras é uma dádiva.

Comecei a rascunhar ideias no papel.
Com quinze anos, meu pai nos presenteava com livros de filosofia.
Na escola, devido à leitura, era destaque nas aulas de redação.

Com dezoito anos, lia em torno de 50 livros por ano, quase todos em inglês.
Estudava sobre investimentos e escrevia em fóruns.
Compartilhava minha jornada investindo o pouco dinheiro que tinha como universitário.

Apesar da pouca idade, discutia com membros do fórum sobre a Fronteira Eficiente de Harry Markowitz e sua relação entre retorno esperado e risco.
Usava termos como Índice Sharpe, Desvio-padrão, ETFs.

Ganhei seguidores, curtidas e comentários. E também admiração.
Tornei-me, de certa forma, influente nesse fórum.

Quando completei 21 anos, no dia 28/05/2009, me dei de presente meu primeiro blog: o HC Investimentos.
Assim como faço aqui na newsletter Alquimia da Mente, escrevia semanalmente.
No início, família, amigos e curiosos do fórum liam meus artigos.

Três anos depois, o blog alcançou a marca de 50 mil leitores mensais.
Também em 2012 foi quando lancei meu primeiro eBook chamado "Alocação de Ativos".
Ele virou um bestseller na Hotmart, sendo o primeiro produto a alcançar os 150º, temperatura máxima de vendas.

Lembro escrever esse livro digital com mais de 300 palavras em apenas sete dias.
O treino semanal no blog durante três anos se provou eficiente.

Até hoje, esse ebook já me rendeu mais de 350 mil reais.
Uma renda passiva e mensal em torno de 2.500.

  • Sem precisar atualizá-lo.

  • Sem precisar criar novas peças de marketing.

  • Sem precisar responder dúvidas dos mais de quatro mil clientes.

Assim como o paladar não retrocede, "quando você vê é impossível desver".
Percebi na prática o poder da escrita consistente.
Precisei desenvolver outras áreas ligadas à escrita:

  • Página de vendas.

  • Email.

  • Anúncios.

  • Podcasts.

  • Vídeos.

  • Aulas.

  • Webinários.

  • Apresentações.

Cada área com sua forma específica de escrever.
Logo, criei um método para ganhar precisão, velocidade e qualidade.
Um processo de escrita que me guiaria por anos e que respeito até hoje com leves melhorias.

Meu processo de escrita

"Toda comunicação de valor nasce da escrita."
Essa é a tese que defendo.
Jeff Bezos, fundador da Amazon, descreve a escrita como um motor para a clareza de pensamento. Ele reforça:

"Na escrita você não consegue fingir. Se você não entende o assunto, essa falta de clareza será dolorosamente óbvia para o leitor."

Clarice Lispector, uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX, abordava a escrita como um desabafo, uma necessidade:

"Escrever é uma necessidade. De um lado, porque escrever é ser fiel ao sentimento (a transfiguração involuntária da imaginação); de outro lado, escrevo pela incapacidade de entender."

Essa última parte ressoa comigo:
Escrevo pela incapacidade de entender.

Como mencionei na edição #006 dessa newsletter, fiquei em recuperação nos três últimos anos da escola.
Na faculdade, tinha um CR de 3,6. Repetia mais matérias que passava.

Acredito ter dificuldades em entender assuntos rapidamente.
Porém, tenho o benefício de sentir prazer pela leitura, ter a disciplina para escrever e uma (estranha) vontade de simplificar conceitos complexos.

Hoje, uso um framework para escrever com clareza.
Um método que segue três simples etapas. 3Cs:

  1. Capturar

  2. Criar

  3. Compartilhar

(1) Capturar

Bons escritores passam 80% do tempo escrevendo um texto.
Ótimos escritores passam 80% do tempo pesquisando e estruturando o que irão escrever.

Uma péssima ideia muito bem escrita será ignorada pelo leitor.
Uma ótima ideia, mesmo mal escrita, receberá atenção do leitor.

Na escola, somos ensinados a escrever seguindo regras gramaticais.
Mas nunca nos ensinaram a identificar boas ideias.

Se o texto é uma árvore, as ideias são suas raízes.
Com raízes fortes, a árvore cresce.
Com raízes fracas, a árvore morre.

Porém, você deve ser perguntar:

  • "O que faz uma ideia ser boa ou ruim?"

  • "O que faz uma ideia colar e outra ser esquecida?"

  • "Afinal, como ter ótimas ideias para escrever?"

Nessa primeira etapa, precisamos ter clareza da ideia, conceito e tema do texto.

(1.1) Ideia, Conceito & Tema

Antes mesmo de escrever a primeira palavra no seu texto, você precisa responder três perguntas:

  1. Qual é a origem da sua ideia?

  2. Como transformar essa simples ideia em um conceito memorável?

  3. Qual tema norteia seu texto?

Origem das ideias (1.1.1)

Nenhuma ideia nasce do acaso.
Tudo é um remix de referências passadas.
Logo, ter boas ideias é ter ótimas referências.

Essa é a parte mais fácil do método.
Basta lembrar a origem da sua ideia.
Assim, você terá uma conexão mais fiel sobre como você forma pensamentos.

Conceito memorável (1.1.2)

Agora, como transformar uma simples ideia em um conceito memorável (1.1.2)?

  • Ideias são pensamentos desorganizados em nossa cabeça.

  • Conceitos são diamantes lapidados que resistem ao tempo.

A curiosidade é como ir atrás de pegadas na areia para saber até onde elas o levarão.

Uma ideia nunca é suficiente.
Posso te apresentar uma lista de benefícios sobre escrever em pé.
Porém, bastou uma frase bem construída (um conceito) para me convencer comprar uma standing desk (mesa de altura regulável):

Flávio Passos, amigo que admiro na área da saúde, me disse em seu retiro na floresta Amazônica: "Sentar é o novo fumar"
Frase forte, impactante. Você pode até não concordar, mas é impossível ignorá-la.

Nesse momento, uma faísca ascendeu em minha mente.
E, alguns dias após essa conversa, comprei minha standing desk.

A forma que ele embalou anos de conhecimento em uma simples e poderosa frase me moveu a tomar essa decisão.

Robert Kiyosaki, autor de "Pai Rico, Pai Pobre" fez o mesmo.
Seu livro é sobre fluxo de caixa, ativos e passivos.

Assunto típico de uma matéria de contabilidade que pouca gente tem interesse.
Porém, "Pai Rico, Pai Pobre" é um best-seller mundial com mais de 26 milhões de cópias vendidas.

Robert transformou uma ideia batida (ganhe mais do que você gasta) em uma história.
No livro, o pai pobre é seu pai biológico. Um professor universitário muito inteligente, mas péssimo com dinheiro.
Já o pai rico é o pai de seu melhor amigo, dono de uma grande rede de hotéis.

Tema (1.1.3)

O tema (1.1.3) deve deixar claro sobre o objetivo do seu texto.
A coluna vertebral que sustentará todas as ideias que você deseja passar.

O filme Titanic não é sobre o naufrágio do maior navio já feito pelo homem.
O tema desse filme é amor.
O amor pode superar obstáculos incríveis, como divisões de classe, desaprovação de membros familiares e desastres naturais.

O filme Senhor dos Anéis não é sobre uma guerra pelo poder de controle forjado em um anel.
O tema desse filme é sacrifício.
Personagens como Frodo, Sam e Gandalf buscam o bem maior pela virtude do sacrifício.

O filme Rocky não é sobre um lutador sem dinheiro que bate em pedaços de carne em açougue.
O tema desse filme é perseverança.
É a prova que, mesmo um underdog (detesto a tradução "azarão"), pode triunfar por meio de determinação, disciplina e trabalho pesado.

Exemplo prático

Vamos pegar como exemplo a edição 005 sobre Burnout.
A origem da ideia (1.1.1) foi escrever sobre o momento mais difícil da minha vida.

As pessoas amam essas histórias que chamo de "perrengue emocional":
O personagem precisa ir até o fundo do poço, um lugar que poucos ousariam caminhar, e volta mais forte, com uma sabedoria a ser compartilhada.

O próximo passo é transformar essa ideia em conceito (1.1.2).
Afinal, o "pior momento da minha vida" vai conectar com pessoas próximas a mim.
Mas e um público mais aberto? Precisava lapidar meu diamante.

Sabia que a palavra Burnout faria parte do conceito.
Agora precisava embalar ela de uma forma mais atraente.

Olhei para minha estante e vi o livro do Augusto Cury: "Ansiedade, o mal do século".
"É isso!" – pensei. Burnout, o novo mal do século.

Essa doença só foi reconhecida em 2022 pela OMS.
O Brasil é o segundo no ranking de pessoas com essa síndrome, com mais de 30% da população sofrendo dela.

Só faltava o tema (1.1.3).
Escolhi explorar as facetas das contrastantes palavras "stress e felicidade".

(1.2) Repertório & Pesquisa

Repertório (1.2.1) é uma coleção de anotações do passado sobre o tema que você irá escrever.
Pesquisa (1.2.2) é sua futura coleção de ideias guiada pela sua curiosidade.

Costumo dividir o repertório (1.2.1) em:

  • Histórias

  • Experiência própria

  • Conceitos

  • Analogias e metáforas

  • Frases

  • Fatos e estatísticas

Já a pesquisa (1.2.2) é sobre o que sinto que faltará embasamento no texto e preciso ir atrás de textos, áudios ou vídeos.

Na edição 005 sobre Burnout, por exemplo, meu repertório (1.2.1) ficou assim:

(A) Histórias:
Lembro de ouvir uma descrição perfeita de um ataque de pânico na série da Netflix sobre dois grandes jogadores de tênis Untold: Federer x Fish.

(B) Experiência própria:
Já havia escrito um post sobre o Burnout a sensação de se tornar escravo da minha empresa.
Como foram meus episódios de insônia, os barulhos de ambulância, a sensação do Uber capotando.
O ataque de pânico que tive durante um evento de Mastermind.

(C) Conceitos:
Os 12 estágios do Burnout: como é uma doença progressivamente mais perigosa.
Como o estado de Flow necessariamente gera uma ressaca.
Uma visão sobre a criação dos homens e seu péssimo hábito de não pedir ajuda, mesmo quando todos os sinais mostram o contrário.

(D) Analogias e metáforas:
Burnout é como sentir seu corpo pegando fogo, mas lentamente.

(E) Frases:
"Se você cogita estar com Burnout, provavelmente, já está."

(F) Fatos e estatísticas:
Desde o dia 1º de janeiro de 2022, a Síndrome de Burnout é considerada uma doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Brasil é o país em 2º lugar no ranking de trabalhadores com essa síndrome. Só perde para o Japão.
De acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome.

Como esse repertório é bem satisfatório para me trazer clareza sobre como posso estruturar o texto, a pesquisa para essa edição #005 foi mínima.

Porém, a pesquisa (1.2.2) foi fundamental na edição #002 sobre as lições que aprendi após 100 sessões de terapia.

Usei muitos conceitos budistas no texto, como:

  • Satori

  • Shamata-Vipassana

  • Sankara

  • Anicca

  • Roda de Samsara

  • Darma

  • Nekkhamma

Temas complexos e que fogem do meu campo de entendimento.
Logo, precisei falar com meu terapeuta, ler trechos de livros, consultar o Chat GPT.

Além desses assuntos, também me escrevi sobre Estoicismo, Freud e no livro "A sociedade do cansaço" do filósofo sul coreano Byung-Chul Han.

Penso no repertório (1.2.1) e pesquisa (1.2.2) como anotações internas e externas, respectivamente.

Um processo divergente e criativo ao separar as peças do quebra-cabeça que você irá montar.

(2) Criar

A segunda etapa na criação do texto é o processo convergente em três fases:

  1. Estrutura

  2. Escrita

  3. Revisão

Nem preciso dizer que o leitor ficava confuso sobre o tema do texto.
Citar uma ou outra referência fora do tema é aceitável, mas não cabeçalhos inteiros.

Logo, um texto deve seguir uma e exclusivamente única ideia.

(2.1.2) GPS da escrita:
Quem nunca se perdeu no meio do texto que atire a primeira pedra.
Ao escrever, você deseja conectar seus pensamentos, saindo de A para B.
Porém, que raios nos faz pensar que passar reto por B e dar uma volta em C, D, E, F, G e H irá melhorar nosso texto?

Chamo esse efeito da "Síndrome de GoT".
Game of Thrones foi uma das séries mais incríveis já produzidas.
E também uma das mais decepcionantes pelo seu final.

Enquanto os produtores tinham referências minuciosas dos livros de George R. R. Martin, a série ia muito bem. Até a última temporada não ter como referências seus livros.

O tombo foi gigante. Um fim totalmente desconexo do início.
Um vilão que não chega sequer a travar uma batalha direto com o herói.
Uma vilã magnífica que você ama odiar se despede sem uma morte digna.

Estruturar um texto é diferente de escrevê-lo.
Você não deve seguir essa forma errada:
(1) Início > (2) Meio > (3) Fim.

Mas sim a forma correta para estruturar qualquer texto:
(3) Fim > (1) Início > (2) Meio.

Quando você não sabe onde seu texto irá terminar, é fácil se perder no meio do caminho.
E então, precisa recalcular a rota toda vez que você se desvia do seu trajeto.

O GPS da escrita é como o Waze para o seu texto.
Sabendo onde você deseja chegar e seu ponto de partida, ele te dará o caminho mais rápido para você não se perder.

(2.1.3) Título magnético:
Um título possui uma única função: chamar atenção.
Seja com uma palavra, como muitos livros, séries e filmes.
Seja com umas 5-7 palavras, como os títulos aqui da Newsletter.

Exemplos das edições passadas:

(2.1.4) Introdução poderosa:
A função da introdução é despertar o interesse.
Parágrafo por parágrafo você precisa ganhar a confiança do seu leitor.

Nas primeiras linhas ele irá decidir se irá ler ou largar seu texto.
Logo, gosto de despertar (e prender) o interesse do leitor:
(A) Contando uma história:
“28/05/2009. Lembro como se fosse ontem…”

(B) Fazendo uma pergunta:
“Você já se perguntou o que faz uma audIência devorar um texto?”

(C) Prometendo revelar um segredo:
“Vou revelar um segredo que confesso até hoje me envergonhar…”

(D) Escrevendo uma declaração polêmica:
“Seja mais egoísta. Faça esse bem para a sociedade”.

(E) Usando um bordão com constraste:
“Não se inspire para escrever. Escreva para se inspirar”.

(2.1.5) Conclusão inevitável:
A conclusão precisa reforçar a tese, o conceito do seu texto.

Na edição 001, compartilhei como ganhei um jogo de tênis do meu amigo sendo muito inferior a ele. Logo, terminei com essa frase:
"Não importa qual seja o seu nível, você é tão bom quanto sua mente permite."

Na edição 002, escrevi três lições que tirei após mais de cem sessões de terapia. Elas não foram gostosinhas, pois relevam o lado mais sombrio que temos dentro nós.
A frase final desse texto foi:
A sombra que você ignora sempre será a maior armadilha que impede você de viver em sua plena luz.

Já na edição 005 sobre Burnout, mostro como o stress sustentado por muito tempo pode ser um veneno silencioso.

Termino o texto dessa forma:
Você pode estar com ansiedade, mas isso não significa que você é ansioso(a).
Não confunda seu momento com sua identidade. Fases passam. Você permanece.

Portanto, procure finalizar seus textos com uma frase, uma citação ou uma chamada para um movimento que reforce sua tese, seu conceito explorado ao longo do texto.

(2.2) Escrita

Com a estrutura pronta, chega a parte mais fácil: escrever.
"Fácil?! Como assim, HC?" – você deve se questionar.

Quem sofre de bloqueio criativo vira o olho quando digo que escrever é fácil.
Mas ele nada mais é que falta de estrutura ou um julgamento interno/externo.

Quando você se preocupa com a opinião das pessoas sobre seu texto (julgamento externo), você trava.
Quando você se questiona sobre sua capacidade em escrever um bom texto (julgamento interno), você trava.

Da mesma forma, quando você não segue um método, uma estrutura para escrever, você trava.
Nenhum texto nasce brilhante em seu rascunho. Ele se torna brilhante na revisão.

Há muito o que poderia escrever nessa etapa sobre técnicas de escrita.
Porém, a única ideia desse texto é sobre meu processo de escrita, não sobre as técnicas de escrita para enriquecer um texto.
Quem sabe em uma edição futura da newsletter?

Este é o processo que sigo na hora de escrever:

  1. Entrar no modo foco.

  2. Dividir as janelas entre "Prep Notes" e "Final Cut".

  3. Acionar o temporizador de 55 minutos.

  4. Colocar o celular me gravando no modo timelapse.

Vamos aprofundar cada uma delas.

(2.2.1) Entrar no modo foco:
Nunca edite enquanto você escreve.
Escrever é criatividade. Revisar é lógica.
Escrever é um carro em alta velocidade. Revisar é um quebra-mola na estrada que requer atenção.

Logo, desligo o corretor ortográfico.
Não desejo qualquer tipo de julgamento.
Uma linha vermelha abaixo da palavra errada que você escreveu é o suficiente para vir um pensamento de "como escrevo mal".

Para manter o foco, escuto uma playlist que criei no Spotify para concentração.
E também uso um editor de texto específico, livre de distrações. O aplicativo Obsidian.

(2.2.2) Dividir as janelas entre "Prep Notes" e "Final Cut":
Hoje, uso um monitor externo de 27" para escrever.
Divido essa tela em duas janelas.

Na esquerda, deixo minhas notas de preparação. O que chamo de "Prep Notes".
Ou seja:

  • A estrutura do meu texto.

  • O GPS da escrita

  • As referências que desejo abordar.

Na direita, o documento de rascunho que se tornará a versão final do texto "Final Cut".
Por esse motivo, digo que não existe bloqueio criativo.

Quando você segue uma estrutura planejada com boas referências, escrever se torna um processo criativo de encontrar boas palavras para preencher seu texto.

Há uma certa paz em olhar para esquerda e ver as anotações do passado.
E na direita, o presente criando o texto que será publicado no futuro.

(2.2.3) Acionar o temporizador de 55 minutos:
Gosto de trabalhar com blocos de tempo.
Não para bancar o cientista maluco que metrifica e analisa cada segundo da sua vida.
Mas como um treino de comprometimento.

Bloqueio 55 minutos me comprometendo a escrever.
Durante esse tempo, entro no modo hiper foco.
Sem distrações, sem devaneios, sem preocupações.
Apenas escrita. Livre, sem julgamentos.

(2.2.4) Colocar o celular me gravando no modo timelapse:
Aparelhos eletrônicos, notificações, ligações.
Distrações terríveis para um trabalho profundamente criativo.

Basta um segundo de distração e você perde uma linha de raciocínio incrível.
Logo, opto por deixar meu celular me gravando no modo timelapse por dois motivos:

  1. Deixar ele longe e inacessível.

  2. Comprometimento público com minha audiência.

Durante muito tempo escrevi "calado".
A excelência não é um ato, mas um hábito.
Logo, gravo estes blocos de escrita no intuito de inspirar.

Reforçando esse hábito diariamente, mais pessoas se tornam conscientes dos benefícios da escrita e seguem esse movimento.

Inclusive, ao escrever seu próximo texto, te convido a fazer o mesmo.
Faça um timelapse seu e publique como Story no Instagram.

Garanto que um dia uma pessoa irá te agradecer por essa ação sua.
E isso já será suficiente.

(2.3) Revisão

Para algumas pessoas, revisar um texto é como arrancar um dente. Chato, difícil e doloroso.
Porém, após treinar mais de 5 mil alunos no curso Escritor Milionário, percebi que a maioria tem uma visão errada sobre a revisão de um texto.

Revisar vai muito além de corrigir e cortar palavras.
Divido a revisão em 3 estágios:

  1. Tema e Conceito (lanterna)

  2. Estrutura e Parágrafos (motoserra)

  3. Palavras e Pontuação (bisturi)

Um texto bem escrito sob uma péssima ideia é desperdiçar talento.
Logo, a primeira revisão é sobre como você embala seu texto.
Ou seja, como você deixa ele apresentável da melhor forma para sua audiência.

Por isso, me refiro à ferramenta "lanterna".
É enxergar o seu texto pela ótica da sua audiência.

A segunda revisão é sobre a ordem e tamanho dos cabeçalhos e seus respectivos parágrafos.
Vale a pena mudar um cabeçalho ou parágrafo de posição?
Como está a cadência do seu texto?
Algum parágrafo deve ser cortado?

Nessa etapa, a ferramenta é a "motoserra".
Isso porque é um momento de grandes cortes.
Procuro eliminar em torno de 10%-20% do texto nesse estágio de revisão.

Já a terceira revisão é a mais comum: palavras e pontuação.
Nesse quesito, não conheço aplicativo melhor de revisão que a Clarice.ai.

É a única ferramenta que possui uma dupla camada de revisão. Tanto ortográfica como de estilo.

A camada de ortografia qualquer revisor faz.
Mas somente a Clarice.ai faz a revisão de estilo com mais de 200 desvios catalogados.

Ela funciona a partir de 4 pilares na correção de estilo:

  • Força: redução de advérbios, preposições, gerúndios.

  • Originalidade: redução de clichês, frases feitas e redundâncias.

  • Concisão: redução de palavras grandes e carregadas.

  • Clareza: redução de frases longas e difíceis de entender.

Alguns exemplos de desvios que a Clarice.ai identifica no seu texto:

  • Frases muito longas

  • Palavras repetidas

  • Excesso de advérbios

  • Clichês

  • Pleonasmo

  • Prolixidade

  • Gerundismo

  • Falta de clareza

  • Voz passiva

  • Palavras vazias

  • Excesso de preposições

  • Substantivos rastejantes

Por esse motivo, toda edição da Alquimia da Mente passa pela Clarice.ai antes de ser publicada.

(3) Compartilhar

Depois de levantar os pesos da captura e criação, você precisa compartilhar seu texto.
São duas simples etapas:

  1. Publicação

  2. Divulgação

Esse é o modelo que sigo.

(3.1) Publicação

A newsletter Alquimia da Mente é publicada na plataforma BeeHiiv.
Comecei com um plano gratuito, mas logo na primeira semana, assinei o plano "Scale" por diversos benefícios.

Após conversar com vários amigos e estudar o mundo das newsletter, fiquei extremamente feliz com a decisão de publicar pela BeeHiiv.

Vou escrever uma edição (acredito que será a #009) sobre como iniciar sua newsletter de sucesso.
E me comprometo a detalhar as incríveis funções que essa plataforma proporciona para a escrita periódica de uma newsletter.

Depois que o texto está finalizado, a publicação é bem simples:
Copio todo o texto para a BeeHiiv, que reconhece e mantém a formatação markdown.

Sigo 5 simples etapas:

  1. Escolho um título até 50 caracteres. No subtítulo coloco o número da edição.

  2. O envio do email deve ser feito sempre aos domingos às 18:00.

  3. O slug (URL do site) deve ser uma palavra-chave, como por exemplo: "como-criar-bons-habitos".

  4. O título SEO deve seguir a mesma linha do slug. E na meta-descrição uso um template criado pelo Chat GTP dentro da Clarice.ai.

  5. Adiciono uma imagem que resumo o texto e faço a decoração visual do texto (negrito, itálico, linhas horizontais para respiro).

(3.2) Divulgação

Para a divulgação, gosto de um frase do Arnold Schwarzenegger: "Hollywood stars must sell their movies too."

Escrever é uma arte.
Bons artistas param quando sua arte está finalizada.
Excelentes artistas vão além, divulgando sua arte.

Logo, seja estratégico com a divulgação do seu texto.
Hoje, crio cortes de cada edição para publicar em redes sociais.

Cada texto da Alquimia da Mente se torna:

  • Um carrossel no Instagram (conjunto de várias imagens + texto).

  • Um post no Instagram (uma imagem com legenda longa).

  • Duas sequências de stories.

  • Um vídeo no YouTube desconstruindo a ideia e execução da edição atual.

É como se cada edição da newsletter fosse uma célula mãe e pudesse gerar várias células filhas mantendo a mesma estrutura de DNA.

Esse é um grande benefício desse formato longo de texto (parabéns, você está lendo mais de cinco mil palavras).
Profundidade que gera uma associação com qualidade.
E a possibilidade de multiplicar uma ideia em várias mini ideias nas redes sociais.

Tema interessante também para futuras edições dessa newsletter.

O trabalho mais difícil do escritor

Dos 3Cs que mencionei:

  1. Capturar

  2. Criar

  3. Compartilhar

A ordem de dificuldade está exatamente exposta acima.
Capturar é a parte mais difícil.
E, dentro de criar, estruturar é o que dá mais trabalho.

Portanto, um excelente escritor é aquele que transforma simples ideias em conceitos memoráveis. E para isso, faz-se necessário um vasto repertório.

Para você que ama escrever e deseja se aprofundar nesse tema, estes são meus TOP10 livros favoritos sobre escrita (em ordem recomendada de leitura):

  1. Bird by Bird ~Anne Lamott

  2. On Writing ~Stephen King

  3. Nobody Wants to Read Your Shit ~Steven Pressfield

  4. 100 Ways to Improve Your Writing ~Gary Provost

  5. Save the Cat ~Blake Snyder

  6. Wired for Story ~Lisa Cron

  7. Everybody Writes ~Ann Handley

  8. The Halbert Copywriting Method Part III ~Bond Halbert

  9. The Writer's Process ~Anne Janzer

  10. Show, Don't Tell ~Sandra Gerth

Escrever não é um dom, mas uma habilidade que pode ser treinada.
Como uma vez Stephen King disse:

"Writing is magic, as much the water of life as any other creative art. The water is free. So drink. Drink and be filled up."

A escrita é mágica, tanto a água da vida quanto qualquer outra arte criativa. A água é gratuita. Então beba. Beba até se sentir preenchido.

Na próxima edição #008

O tédio pode ser positivo?
Você conseguiria ficar 10 dias em um retiro sem poder dizer uma única palavra?
Tendo a opção de receber mil reais agora ou cinco mil somente daqui um mês, qual escolha você faria?

A vida é feita de escolhas.
Algumas de curto, outras de longo prazo.
Algumas boas, outras ruins.

Fazemos muitas delas baseadas na gratificação instantânea.
Desejamos algo positivo agora, não daqui um ano.

Porém, seria essa visão hedonista saudável?
Na próxima edição, navegaremos nos perigos ocultos das decisões impulsivas.

A necessidade de entrar nas redes sociais.
A gratificação de curtidas, comentários, compartilhamentos.
Os gatilhos usados pela empresas de tecnologia para nos manter viciados na liberação de dopamina.

Até a próxima edição da Alquimia da Mente.
Todo domingo às 18:00.

Um forte abraço,
Per aspera ad astra! 🎖️
HC

📩 Sobre a Newsletter Alquimia da Mente

✍️ Escrita por Henrique Carvalho compartilhando experiências pessoais ao redor dos temas: Maestria, Mentalidade e Marketing.
🐝 Newsletter configurada e enviada pela incrível plataforma BeeHiiv.
🤖 Esse texto passou por uma dupla camada de revisão usando a Clarice.ai.

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