Você é Só Mais Um Tijolo No Muro Digital

🍊Alquimia da Mente – Edição #124

🎹 Leia essa edição me ouvindo tocar: Up - "Married Life"

Trabalhar. Trabalhar. Trabalhar

Todo dia era um pesadelo. Eu acordava às 6h, mas dormia à 1h da manhã.

Entre esses dois horários, uma linha de montagem infinita. Posts. Stories. Lives. Vídeos. Podcasts. Produtos digitais. Eventos. Mais posts. Mais stories. A engrenagem não parava. Não podia parar!

Finais de semana viraram extensão da semana. Feriados viraram oportunidades de "produzir mais". Férias? Nem pensar.

Eu tinha uma meta imbecil: impactar 1 bilhão de pessoas (de onde tirei isso?).
Como se quantidade de alcance compensasse qualidade de vida.

O algoritmo é uma fábrica. Você entra achando que é criador. Sai operário.

Cada post que você publica é mais um tijolo empurrado pela esteira. Você não vê para onde vai. Só sabe que precisa continuar produzindo.

Mais rápido. Mais volume. Mais consistência.
A máquina exige combustível constante.

Até que meu corpo entrou em greve. Burnout. (leia a história completa aqui)

A sociedade do cansaço me engoliu inteiro. Percebi tarde demais que estava bancando o sonho de outras pessoas enquanto destruía o meu.

A esteira rolante da produção infinita de conteúdo não constrói nada. Ela só descarta.

A lógica é um tanto perversa: quanto mais você trabalha, mais invisível você fica. Quanto mais tijolos você empurra, mais você se torna substituível.

Mais um número. Mais uma peça. Mais um tijolo no muro digital. 🧱

Você acha que está construindo uma audiência.
Na verdade, está alimentando uma máquina que te esquece em 24 horas.

A FÁBRICA DE CONTEÚDO

84 conteúdos por mês: essa é a média de uma conta grande no Instagram

"Nós não temos tempo. Nós somos devorados pelo tempo." — Byung-Chul Han

As plataformas digitais transformaram criadores em operários.

Você acorda. Abre o aplicativo. Vê que precisa postar. O algoritmo cobra.

Se você não alimentar a besta hoje, ela te pune amanhã. Alcance menor. Visibilidade reduzida. Irrelevância programada.

É uma fábrica. E você, caro amigo, está na linha de produção.

O criador moderno trabalha assim: 3 posts por dia, 7 dias por semana. São 21 tijolos empurrados pela esteira toda semana. 84 por mês. Mais de mil por ano. Já fez essa conta?!

E no final? Exaustão. Burnout. Engajamento caindo. Alcance despencando.

A esteira nunca para. Ela não tem fim de semana. Não tem feriado. Não tem horário comercial. Argh!

O ciclo do aprisionamento é assim:

  • Você posta constantemente para "manter relevância"

  • O algoritmo se acostuma com seu ritmo

  • Qualquer pausa vira punição

  • Você fica aprisionado no próprio sistema que criou

É como aquela cena de Tempos Modernos do Charlie Chaplin. Ele aperta parafusos numa esteira industrial. Aperta. Aperta. Aperta. A velocidade aumenta. Ele não consegue acompanhar. Entra em colapso.

O Filósofo Byung-Chul Han chama isso de Sociedade do Cansaço.

Não existe mais descanso. Não existe mais ócio. Só performance constante. Autoexploração disfarçada de produtividade.

Capiche?

O ALGORITMO CONSOME E COSPE

Cuspindo conteúdos…

"Estamos construindo castelos de areia na maré alta."

Você acredita que cada post é um tijolo na sua audiência.

Mas tijolos não se acumulam em terreno líquido.

E o feed é puro líquido.
Tudo escorre.
Tudo desaparece.
Tudo vira passado em questão de horas.

Construção exige permanência. Arquitetura exige fundação sólida. O que você está fazendo não é construir. É descartar.

Pense nos números. Seu post de hoje teve 10 mil visualizações. Ótimo. Amanhã? 800 visualizações. Sobras.

Semana que vem? Praticamente zero. A vida útil média de conteúdo nas redes sociais é brutal. Twitter? 18 minutos. Instagram? Dois dias no máximo. TikTok? Um dia e pronto.

É como erguer uma casa enquanto a fundação desmorona toda noite. Você trabalha o dia inteiro. Dorme. Acorda. E precisa recomeçar do zero.

Não há acúmulo. Não há arquitetura. Só descarte programado.

A matemática do esquecimento:

  • Post de hoje: pico de alcance

  • Post de ontem: sobras

  • Post da semana passada: invisível

  • Post do mês passado: morto

O algoritmo não preserva. Ele consome e cospe.

Você alimenta a máquina, mas a máquina não guarda nada. Ela digere e esquece.

E você continua empurrando tijolos para o nada.

A SAGRADA FAMÍLIA: 143 ANOS DEPOIS, AINDA EM CONSTRUÇÃO

Sagrada Família - Alicerces iniciais

"A diferença entre memorável e esquecível é o tempo que você investe." — Seth Godin

Tijolos são produzidos em massa. Rápido. Barato. Idênticos.

Catedrais levam décadas. Exigem mestres. São únicas. Ninguém esquece uma catedral. Mas bilhões de tijolos já foram feitos e jogados fora sem que ninguém se importe.

Você escolhe: velocidade de fábrica ou permanência de obra-prima?

A Sagrada Família de Gaudí começou em 1882.
Mais de 143 anos depois, ainda não terminou.

Sagrada Família: Tempos atuais

Milhões de pessoas a visitam todos os anos. Existe fila na porta. Existe reverência. Existe memória coletiva.

Enquanto isso, quantos bilhões de tijolos foram fabricados, usados e esquecidos no mesmo período? Incontáveis.

A diferença está no tempo:

  • Tijolo: produzido em minutos

  • Catedral: construída em décadas

  • Tijolo: esquecível por design

  • Catedral: memorável por construção

O conteúdo efêmero é tijolo. Você faz um Story sobre café da manhã. Some em 24 horas. Ninguém lembra. Ninguém se importa.

O conteúdo perene é catedral. Você escreve um artigo profundo sobre propósito. Cinco anos depois, ainda gera tráfego. Ainda transforma vidas. Ainda importa.

Seth Godin chama isso de Purple Cow. Seja uma vaca roxa. Algo notável. Algo que as pessoas param para ver. Tijolos não são notáveis. São necessários, mas invisíveis.

Vaca Roxa - Seth Godin

A SOCIEDADE DO CANSAÇO

Não tem tempo pra nada? Então o cansado está cansado de si mesmo

"O cansado está cansado de si mesmo." — Byung-Chul Han

A obrigação por performance constante não vem de chefe. Não vem de cliente. Vem de você.

Autoexploração disfarçada de "consistência".
Você é opressor e vítima ao mesmo tempo.
O capataz mora dentro da sua cabeça.

Ele nunca dorme. Nunca descansa. E te chicoteia com culpa toda vez que você pensa em parar.

  • "Se eu não postar hoje, vou perder seguidores."

  • "Fulano posta 5 vezes por dia, preciso acompanhar."

  • "Meu alcance caiu, preciso trabalhar mais."

Esses pensamentos não vêm de fora. Vêm de dentro. Você internalizou a esteira. Agora ela roda sozinha, mesmo quando você quer descer.

Byung-Chul Han descreve isso bem: você se explora voluntariamente até o esgotamento. Não precisa de patrão. Você é o próprio patrão. E é um tirano implacável.

A sociedade do cansaço celebra quem produz sem parar. Glorifica a cultura da performance. Romantiza noites sem dormir.

Transforma exaustão em medalha de honra.

Os sinais estão por toda parte:

  • Ansiedade ao abrir notificações

  • Insônia pensando em próximo conteúdo

  • Relacionamentos negligenciados por "trabalho"

  • Síndrome do impostor que nunca vai embora

  • Burnout clínico ignorado como "fase"

Você não está cansado do trabalho. Você está cansado de você mesmo. (doeu ler essa frase?)

De nunca ser suficiente. De nunca produzir o bastante. De nunca alcançar a meta móvel que você mesmo criou.

Vou te falar uma verdade que dói: a esteira roda porque você não desliga.

🤓 Sugestão de leitura: Pausa Produtiva: A Arte do Olhar Descansado. Descansar também é ser produtivo.

ANOTHER BRICK IN THE WALL

"We don't need no education / We don't need no thought control." — Pink Floyd

Existe uma cena icônica em The Wall do Pink Floyd.

Crianças entram numa escola. A escola é uma fábrica. Elas entram únicas, com rostos diferentes, personalidades distintas. Passam pela máquina educacional. Saem do outro lado idênticas. Rostos brancos. Uniformes iguais. Marchando em fila.

Mais um tijolo no muro.

As redes sociais fazem exatamente isso com criadores. Entram únicos. Saem padronizados.

Todos fazem trends. Todos copiam dancinhas. Todos seguem desafios. Todos usam os mesmos formatos. As mesmas thumbnails. Os mesmos títulos. As mesmas estratégias.

A individualidade morre na linha de montagem.

A padronização é total:

  • Mesma linguagem

  • Mesma estética

  • Mesma mensagem

  • Mesmo tom de voz

Você começa criando conteúdo autêntico. Algo que vem de dentro. Algo verdadeiro. Mas o algoritmo não recompensa autenticidade. Ele recompensa conformidade.

Então você ajusta. Copia o que funciona. Replica o que viraliza. E aos poucos, sua voz se dissolve no eco coletivo.

Lembra da cena em que os alunos caem na máquina de moer carne? É literal. O sistema tritura individualidade. Cospe conteúdo genérico. Sem gosto. Sem cheiro. Sem alma.

Você vira mais um. Indistinguível. Esquecível.

E quando você é idêntico a mil outros criadores, por que alguém lembraria especificamente de você?

BRASIL É 2º NO RANKING MUNDIAL DE BURNOUT

Uma medalhe de vice que ninguém gostaria de carregar

"Nenhum sucesso financeiro compensa um fracasso na saúde."

O preço de alimentar a esteira não se paga em dinheiro.

Paga-se em sanidade mental. Saúde física. Relacionamentos destruídos. Você troca permanência na vida real por visibilidade temporária no digital.

É como vender órgãos para comprar aplausos. No curto prazo, você se sente vivo. Notado. Relevante. No longo prazo, você está vazio.

Os números não mentem.

Brasil é o segundo país com maior índice de Burnout no mundo.

Perde apenas para o Japão. 30% dos brasileiros sofrem da síndrome, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Criadores de conteúdo estão no topo da lista.

O corpo avisa antes de quebrar:

  • Coração acelera sem motivo aparente

  • Sono desregulado, mas cansaço constante

  • Irritabilidade com pessoas que você ama

  • Vontade de sumir, mas obrigação de aparecer

  • Sensação de que nada que você faz é suficiente

Você ignora os sinais.

"É só uma fase". "Depois melhora". "Preciso aguentar mais um pouco".

Até que não aguenta mais.

Quando meu corpo entrou em greve, percebi uma verdade brutal. Eu estava bancando o sonho de outras pessoas. Enquanto isso, destruía o meu.

As plataformas lucravam bilhões com meu conteúdo gratuito. Os algoritmos cresciam com minha exaustão. E eu? Eu estava quebrado.

Você pode ter milhões de seguidores e zero amigos reais. Pode ter engajamento alto e saúde mental baixa. Pode ser famoso e profundamente solitário.

Deixa eu te contar uma coisa que quase ninguém fala: o custo real não aparece na métrica. Mas você paga todo dia.

COMO SAIR DA ESTEIRA ROLANTE DO ESQUECIMENTO

Corre, corre, corre… e continua esquecido

"A liberdade não é fazer o que quer, mas querer o que faz." — Jean-Paul Sartre

Sair da esteira não significa parar de criar.

Significa criar com intenção, não obrigação. Arquiteto escolhe onde colocar cada pedra. Operário apenas obedece a linha de produção.

Você decide qual ser. É como trocar fast-food por alta gastronomia.

Você produz menos. Mas cada prato é memorável. Quantidade é esquecível. Qualidade é inesquecível.

A estratégia do arquiteto é diferente:

  • Poste 1 vez por semana, não 3 vezes por dia

  • Invista 10 horas em vez de 1 hora por conteúdo

  • Crie repositórios permanentes: blog, newsletter, podcast

  • Priorize durar sobre viralizar

  • Descanse sem culpa

James Clear diz em Atomic Habits: sistemas sustentáveis vencem metas insustentáveis. Sempre.

James Clear: Hábitos Atômicos

A esteira é meta insustentável. Você corre até cair. A arquitetura é sistema sustentável. Você constrói aos poucos, mas constrói para sempre.

Quando você sai da esteira, o algoritmo reclama no começo. Alcance cai. Engajamento diminui. Você sente medo. "Estou perdendo relevância".

Não está. Está ganhando permanência.

Porque as pessoas não lembram de tijolos. Lembram de catedrais. E catedrais não são construídas em velocidade industrial. São erguidas com tempo, intenção e maestria.

Você pode criar menos e importar mais. Pode postar raramente e ser lembrado constantemente. Pode trabalhar com sanidade e ter impacto real.

A verdade? É simples assim: a esteira continua rolando. Ela sempre vai continuar. Mas você não precisa estar nela.

🤓 Sugestão de leitura: Não tenha METAS, mas sim TEMAS. Uma reflexão atual sobre suas promessas furadas de início de ano.

PARE DE SER TIJOLO. SEJA O ARQUITETO

Construa sua Catedral

Milhões de criadores acordam todos os dias e empurram tijolos. Postam. Otimizam. Agendam. Analisam métricas. E no fim do dia, tudo já sumiu. Desapareceu no buraco negro do algoritmo.

Mas você não precisa estar lá.

Você pode descer. Respirar. E começar a construir algo que dure mais que 24 horas, como uma newsletter.

Algo que as pessoas lembrem não porque o algoritmo empurrou, mas porque tocou fundo.

Tijolos são fabricados aos milhões. Catedrais são únicas. Tijolos servem a estrutura. Catedrais são a estrutura.

A diferença entre ser esquecido e ser lembrado não está na quantidade de vezes que você aparece. Está na profundidade da marca que você deixa.

Você pode continuar sendo operário. Produzindo em massa. Atendendo demanda infinita de uma máquina que nunca te recompensa de verdade.

Ou pode se tornar arquiteto. Criando com intenção. Construindo com propósito. Deixando legado.

A escolha sempre foi sua. A esteira é opcional. A arquitetura é decisão.

Pare de ser tijolo. Seja o arquiteto. E construa sua Catedral.

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