- Alquimia da Mente
- Posts
- A Meta Imbecil
A Meta Imbecil
🍊Alquimia da Mente – Edição #127
🎹 Leia essa edição me ouvindo tocar: Amore Mio (música autoral)

Domingo em Brasília.
O céu está daquele azul insultante que parece ter sido photoshopado pela prefeitura.
A cidade inteira está descansando, lavando o carro ou postando fotos de "gratidão" na beira do lago.
E eu?
Eu estou no cativeiro corporativo que chamo de escritório.
Salvando o caixa da empresa. De novo.
Espere…
O que é isso?
O coração... disparou.
Primeira para a quinta marcha sem passar pela embreagem.
Tum-tum. Tum-tum.
Cadê o oxigênio? O ar entrou em greve.
Essa dor no peito... não, não pode ser.
Faço o que qualquer pessoa racional e equilibrada faria nesse momento: consulto o Dr. Google.
A pior decisão que um ser humano pode tomar. Segundo a minha pesquisa rápida, as opções são:
Infarto fulminante.
Pânico irreversível.
Uma doença tropical extinta no século 19 que eu inexplicavelmente contraí no ar condicionado.
OH DEUS!
Ler só piora. O medo aperta a garganta.
É isso? É agora?
Vou morrer aqui... sozinho?
A mente vira um navegador com 400 abas abertas e travando.
Vou para a cama. Olhos fechados.
"Respira. Pelo amor de Deus, respira."
Tento meditar, mas minha paz interior está gritando palavrões.
Uma hora de inferno até o corpo desligar por pura exaustão.
Não é novidade. Mas hoje... hoje a ficha caiu.
Dezoito pessoas na equipe.
Virei uma linha de montagem.
Uma máquina de processar estresse.
Tudo por aquela meta imbecil...
"Dominação mundial".
Um bilhão de pessoas. Que piada.
Era ego. Puro e simples.
Eu não queria apenas o sucesso…
Eu queria o aplauso, o confete, e a biografia não autorizada vendendo no aeroporto.
Não bastava a semana toda, eu tinha que devorar o domingo também.
Mais tráfego. Mais gente. Mais ferramentas que prometem "otimizar o tempo" enquanto consomem todo o meu tempo.
Trezentos mil saindo da conta todo mês.
E o dinheiro entrando?
Caindo com a graça de um piano despencando do décimo andar.
Um milhão…
Setecentos e cinquenta mil…
Quinhentos…
Duzentos e cinquenta.
Queda livre.
Naquele domingo de sol, enquanto meu coração tentava fugir pela boca para ir curtir o lago com o resto de Brasília, eu entendi.
Não é cansaço do corpo.
O corpo aguenta maratonas.
É a alma que pediu demissão por justa causa.
Não cansei de trabalhar. Cansei de correr para o lado errado.
Virei escravo do algoritmo.
Aquele deus digital temperamental que exige sacrifícios diários de dignidade em troca de engajamento.
Dançando para números, esquecendo das pessoas.
Meu corpo finalmente teve a coragem que meu cérebro se recusava a ter.
Ele puxou o freio de mão a 120km/h e gritou:
CHEGA!
A Grande Divindade, chamada "Algoritmo"

Você acorda. Antes mesmo de verificar seus sinais vitais ou lembrar o próprio nome, seu polegar (que a essa altura já possui autonomia administrativa sobre o seu corpo) desbloqueia a tela e abre o Instagram.
A primeira questão existencial do dia não é "quem sou eu?", mas sim: "O que a Grande Divindade do Algoritmo deseja jantar hoje?"
Você não está pensando no que quer dizer. Você está tentando psicanalisar um código matemático que tem a estabilidade emocional de um adolescente e a memória de um peixinho dourado.
A dança começa. Você testa o gancho. Muda o ângulo da luz. Otimiza os primeiros 3 segundos com a precisão cirúrgica de quem está desarmando uma bomba nuclear, só que a bomba é um Reel de 15 segundos sobre "mindset".
Posta. Espera. Atualiza a tela com o fervor religioso de um viciado em caça-níqueis de Las Vegas.
O resultado? 200 visualizações. 15 curtidas (uma é da sua mãe, duas são de ex-colegas de escola que vendem pirâmide).
E dois comentários: um emoji de "palminhas" genérico e um bot chamado CryptoKing99 perguntando se você quer ficar rico até o meio-dia.
O vazio se instala. É como correr uma maratona onde a organização do evento decide empurrar a linha de chegada 5 quilômetros para frente toda vez que você se aproxima. O algoritmo não tem destino, ele só tem "próximo".
E você? Está exausto. Mas não é aquele cansaço nobre de quem construiu uma casa. É a exaustão de ser um mímico num palco escuro, performando entusiasticamente para uma plateia que provavelmente está no banheiro.
Cal Newport chama isso de "fragmentação da atenção corroendo o senso de propósito". Eu chamo de "a maneira mais sofisticada do mundo de se sentir ocupado sem produzir absolutamente nada".
Quando você cria para métricas, cada post vira uma performance de circo onde você é, simultaneamente, o palhaço, o domador e o leão.
Não há missão. Não há impacto. Não há retorno emocional que pague a terapia. Só aquele micropulso de validação que dura exatos quatro segundos antes da ansiedade voltar.
E sabe o que é fascinante? Você sabe disso. Lê sobre isso. Concorda balançando a cabeça. Mas amanhã vai postar de novo.
Porque a ideia de parar e ter que ficar sozinho em silêncio com seus próprios pensamentos é muito mais aterrorizante do que qualquer algoritmo.
A Máquina de Salsichas
Seth Godin tem uma frase cirúrgica: "Frequência sem relevância é spam".
E é exatamente isso que a maioria faz. Você posta, posta, posta. É como aquele tio no churrasco que não para de falar:
Tem volume, tem consistência, tem intensidade, mas todo mundo só está torcendo para ele engasgar com a farofa e fazer silêncio por cinco minutos. Você gera ruído, não construção.
Olha só o meu caso: eu cheguei a ter 18 pessoas na equipe. Dezoito. Tínhamos gente para editar, gente para postar, e provavelmente gente contratada apenas para observar as outras pessoas postando.
Produzíamos conteúdo com a eficiência industrial de uma fábrica de salsichas.
E com o mesmo valor nutricional.
Meus custos mensais? R$ 300 mil.
E o faturamento? Bom, ele decidiu fazer um gráfico de "boca de jacaré" invertido.
De R$ 1 milhão... para R$ 750 mil... para R$ 500 mil... para R$ 250 mil. Foi um case de sucesso, se o objetivo fosse ensinar "Como Quebrar Sua Empresa com Alta Performance". (essa doeu!)
Mais gente. Mais produção. Mais investimento. Menos resultado.
Porque o problema não era o volume. Era o propósito. Eu estava plantando sementes em concreto armado todos os dias: ocupado, suado, exausto, sentindo-me o mártir do empreendedorismo. Mas nada crescia, além da minha gastrite.
Volume sem estratégia não é trabalho. É ansiedade com agenda lotada. É correr numa esteira desligada e achar que está chegando em Paris.
E sabe o que descobri?
As pessoas não querem mais conteúdo seu. Elas já têm conteúdo demais. Elas têm vídeos de gatos, dancinhas constrangedoras e tutoriais de bolo de caneca competindo pela atenção delas. O que elas querem é conteúdo que importa.
Prefiro escrever 1 newsletter por semana que mude a perspectiva de alguém, do que postar 30 Reels por mês apontando para frases invisíveis no ar com uma música de esquilo ao fundo, que ninguém vai lembrar dois segundos depois de deslizar o dedo.
Porque o que fica não é quem grita mais alto ou aparece mais vezes. É quem, no meio do barulho, diz algo que faz o outro parar e pensar: “P#RRA! É isso!”.
O "Defeito De Fábrica" Dos Introvertidos

Você liga a câmera. De repente, esquece o próprio CPF. Sente que precisa "performar" para o algoritmo com aquela energia artificial de apresentador de programa de auditório infantil dos anos 90.
Você força um sorriso, mas o resultado final é uma expressão que comunica menos "estou feliz em compartilhar valor" e mais "estou sendo mantido refém em um cativeiro, por favor mandem ajuda".
O resultado é um conteúdo com a profundidade de um pires e a conexão emocional de uma porta automática.
Eu entendo a dor. Aos 7 anos, minha carreira nas artes cênicas teve um início e um fim simultâneos. Subi no palco da escola para uma peça de teatro, sentindo-me o próprio Al Pacino mirim.
Meus pais na primeira fila, câmeras a postos. Enchi o peito, abri a boca para entregar minha grande fala... e fui puxado pelo colarinho por um colega com a delicadeza de um segurança de boate.
Eu tinha entrado em cena na hora errada.
A plateia inteira gargalhou. Não foi aquele riso solidário de "ah, que bonitinho", foi o riso de "olha lá o pequeno desastre".
Puff... naquele exato segundo, minha versão sociável fez as malas e se mudou para uma caverna no Tibete.
Troquei amigos por livros. É uma troca justa: livros não te interrompem, não têm mau hálito e, o mais importante, você nunca precisa fingir que está interessado no fim de semana deles. (Perigo: ANTISOCIAL!)
Enquanto meus amigos dedicavam o fim de semana a uma pesquisa de campo intensiva sobre os limites do fígado e a física quântica do arrependimento, eu ficava no quarto.
Era uma escolha tática de preservação. Lá fora, o risco de ruína social era iminente; no meu bunker de estudos, a adrenalina era mais controlada.
Durante anos, achei que eu tinha vindo sem o manual de instruções. Eles falavam alto, ocupavam espaço. Eu preferia o silêncio. Eles eram o carnaval de Salvador; eu era uma biblioteca em dia de chuva.
Até que descobri:
Introversão não é bug do sistema. É feature premium.
Como Susan Cain brilhantemente apontou, introvertidos prosperam na profundidade, não na performance de palco.
O mundo corporativo e as redes sociais amam os extrovertidos. Aquela gente que entra na sala e muda a pressão atmosférica do ambiente. Eles são alto-falantes bluetooth no volume máximo na praia.
Nós? Nós somos fones de ouvido noise-canceling de alta fidelidade. (Não conseguiria escrever esse texto sem ele)
A newsletter é a “vingança” dos introvertidos. É o canal ideal para quem prefere pensar antes de falar. E ter a chance divina de editar a própria estupidez antes de publicar, algo que a vida real infelizmente não permite.
É para quem valoriza a profundidade sobre o espetáculo. Para quem sabe que as melhores conversas não acontecem no meio da balada com o som estourado, mas num canto quieto, longe do barulho, onde a gente finalmente consegue ouvir os próprios pensamentos.
Vamos aos números, frios e diretos:
Redes sociais: 14 horas semanais para alcançar menos de 5% da sua audiência. Conversão? 1-2%.
Newsletter: 6 horas semanais para atingir 30-50% de taxa de abertura. Conversão? 3 a 5 vezes maior.
Menos esforço. Mais resultado. Mais propriedade. Parece óbvio, não? Mas você continua escolhendo o caminho mais difícil.
Por quê? Medo. Medo de que "ninguém lê e-mail em 2025".
Aqui estão os dados reais: 4,6 bilhões de pessoas usam e-mail no mundo. Quase o dobro de quem usa redes sociais. O e-mail tem um ROI de $42 para cada $1 investido.
Nas redes você fala com o algoritmo. Na newsletter você fala com pessoas.
Um é loteria de atenção.
O outro é propriedade real.
E propriedade não desaparece quando o algoritmo muda de humor.
Sua exaustão é existencial, não física

Viktor Frankl descobriu algo nos campos de concentração: pessoas fisicamente frágeis sobreviviam quando tinham um propósito claro.
Quem tinha um "porquê"... aguentava qualquer "como".
Escrevi sobre isso na news “Qual é o propósito da vida?”
Burnout funciona da mesma forma.
Não vem de trabalhar muito. Vem de trabalhar sem sentido.
Quando você cria 7 reels bobos por semana para o algoritmo... seu cérebro percebe a futilidade.
Mas quando você escreve 1 newsletter que alguém lê e responde dizendo "isso mudou minha vida"...
O trabalho vira combustível. Você vê o impacto real.
É a diferença entre cavar um buraco inútil e assentar tijolos para construir uma catedral. Um esgota. O outro energiza. Seu corpo sabe a diferença. Por isso você se sente exausto mesmo voltando de férias.
Sua exaustão não é física. É existencial.
Liberdade ou exaustão? Você decide

Você pode continuar postando todo dia nas redes sociais.
Correndo atrás do algoritmo. Medindo seu valor em curtidas. Exausto, vazio, perdido.
Ou pode escolher criar com intenção.
Uma vez por semana. Para pessoas que realmente querem te ouvir.
Escrevo uma newsletter todo domingo há 127 semanas seguidas.
E nunca me senti tão livre.
O algoritmo rouba sua alma. A newsletter devolve sua voz.
Obrigado pela leitura!
Confira os destaques abaixo.
Forte Abraço,

Como você avalia a edição da newsletter hoje?Seu comentário é meu melhor insumo para escrever textos cada vez mais suculentos. |
Faça Login ou Inscrever-se para participar de pesquisas. |
🥇 Ouros Garimpados Essa Semana
🎥 (1) Vídeo que me chamou atenção:
Por Que Pessoas Low Profile Assustam Tanto? (Você Vai Se Identificar)
Um vídeo sobre introvertidos e pessoas “low-profile”. E como cada vez mais pessoas estão se desligando de redes sociais para viver uma vida real e privativa.
A Alquimia da Mente usa a plataforma beehiiv para criar, gerenciar e monetizar sua newsletter.
Fato curioso: Após anos de dedicação diária e bom relacionamento, somos a primeira e única agência de newsletter parceria da beehiiv na América Latina.
🌟 Veja o que nossos leitores e alunos têm a dizer sobre Viver de News:

👀 Ei… Psiu! Tem um Segredo Aqui
Parabéns! Você leu essa edição até o final.
Isso significa que você não é apenas uma pessoa curiosa, mas comprometida.
Logo, separei para você um segredo para ser desbloqueado.
Toque nesse link ou no botão abaixo para abrir o baú do segredo.
A cada nova edição o tesouro dentro desse baú irá mudar.
Logo, sempre confira e clique para saber qual segredo será desbloqueado.
Forte Abraço,
"Scriptura te liberat" (A escrita liberta)
– HC


