O preço do sucesso

– “Eu não aguento mais bater chantilly!”

Foi o que disse a maior blogueira e YouTuber no nicho de culinária até então, Dani Noce.
Os sintomas de Burnout eram evidentes. Ainda em 2019, ela gravou um vídeo para seu canal no YouTube revelando que não irá mais cozinhar nele.

Em 2020, ela e seu marido, Paulo Cuenca, deixaram São Paulo para morar em uma fazenda no interior do Goiás.

Essa era uma história que eu já conhecia e ouvi-la novamente essa semana me faz admirar a coragem de ambos para largar seus antigos “personagens” e assumir novos papéis em suas vidas.
Esse carismático casal fez mentoria comigo durante um ano, logo após essa grande mudança.

Costumamos nos esbarrar em eventos sem saber, pois somos chamados para palestrar.

Assim aconteceu essa semana no evento ACE Vegas, do Cadu Neiva, onde tive a honra de participar e palestrar junto com o Paulo Cuenca e outros amigos de longa data.

Minha palestra foi sobre newsletters e contei rapidamente que tive um Burnout em 2018 e pedi para quem também já passou por esse difícil caminho levantar a mão.

Para meu espanto, mais da metade levantou a mão.
“Qual é o preço do sucesso?” – pensei.

É fácil admirar uma pessoa em cima do palco contando apenas suas vitórias.
Mas será que ela possui coragem em dividir suas maiores derrotas?
Será que ela tem coragem de compartilhar seu ponto mais baixo, quando tudo parecia estar perdido?
Será que ela mesmo reconhece o preço do sucesso que pagou para estar ali?

Sabe, eu já comprei o sonho de outro amigo e empreendedor que admirava. Achava que fazia parte da minha missão ter uma empresa bilionária.

Contratei dezenas de pessoas, fechei acordos com sócios, abri novas empresas, novas verticais de negócio, dei minha vida de domingo a domingo para esse projeto.

E, no fim, desenvolvi uma ansiedade que nunca havia presenciado.
Acreditava que toda noite, ao fechar os olhos, poderia ser a minha última.
Escutava sirenes de ambulância na rua e pensava se não era para mim.
Entrava no Uber com medo de capotar a cada curva.
Me escondia em eventos sociais por não conseguir me identificar comigo.
Eu não sabia quem eu era, nem o que desejava. 
A vida parecia não fazer sentido. Qual era o propósito da vida?

Sim, eu tinha mais de 20 milhões de visitas no blog.
Tinha mais de 100 mil seguidores no Instagram.
Tinha mais de 100 mil inscritos no Youtube.
Minha empresa faturava múltiplos sete dígitos.
Também era autor de um livro best-seller.

Mas, quem era o Henrique Carvalho?
Eu parecia mais um personagem público chamado Viver de Blog.
Quando me encontravam na rua, no aeroporto ou até em eventos, as pessoas não sabiam meu nome. 
“Olha! O cara do Viver de Blog.” – elas diziam.

Tais palavras pareciam facas entrando lentamente em minhas costas.

Doía ser o Viver de Blog e não o Henrique Carvalho, o HC.
No auge do Burnout, fiquei devendo mais de 200 mil reais, quase fali minha empresa, quase me afastei da minha família por vergonha e quase perdi minha saúde.

O preço daquele sucesso era ALTO demais.
Demorei seis meses para me “curar” do Burnout até entender esse conceito.
O sucesso tem um preço. 
E eu havia pago caro demais.
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